Texto base: "Elementos da análise do discurso" (FIORIN, José Luiz, 2006)[1]
O texto pode ser abordado de dois
pontos de vista complementares. De um lado, podem-se analisar os mecanismos
sintáxicos e semânticos responsáveis pela produção de sentido e de outro,
pode-se compreender o discurso como objeto cultural, produzido a partir de
certas condicionantes históricas em relação dialógica com os outros textos.
O poema "Meus oito
anos", de Casemiro de Abreu e "Na rua do sabão" de Manuel
Bandeira, tem em comum o tema "infância". A configuração discursiva
desses dois poemas é a infância e o núcleo de sentido é o início da vida
humana. O Casemiro trabalha no texto com o idealizado, enquanto Manuel
traz as verdades essenciais da vida (é dinâmica, tem descobertas).
A isotopia (continuidade) precisa
prevalecer no texto para permitir aos leitores uma interpretação uniforme. Na
obra de Graciliano Ramos "Vidas secas", o escritor usa o termo
“retirante” e depois a retoma como “vaqueiro”, há um contraste, mas está dentro
da temática geral do texto. Quando se trata de um texto
"aberto" admite mais de um sentido, ou seja, a polissemia, a
partir dos indicadores.
Para garantir a coerência
semântica é preciso que haja reiteração (repetição) da redundância,
retomada de ideias; um exemplo é a fábula “A cigarra e a formiga”, a primeira
dúvida é: se trata de animais ou homens? Homens. As palavras possuem traços
humanos, e a repetição desses sentidos humanos faz com que nós cheguemos a essa
conclusão.
Outros fatores existentes é a
metáfora, a troca de uma palavra pela outra (cruzamento, intersecção), e a
metonímia, uma palavra por outra (continuidade, inclusão). Elas são
abordadas de duas formas: a primeira é retórica e a segunda na análise de
discurso, que há uma quebra dessa relação. Veja o exemplo abaixo:
“Boião de leite
que a Noite leva
com mãos de treva
pra não sei quem
beber.
e que, embora levado
muito devagarinho,
vai derramando pingos
brancos
pelo caminho.”
(Cassiano Ricardo – Lua
cheia. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1957, p.135).
“Boião de leite” representa a
lua; “vai derramando pingos brancos”, os pingos são as estrelas; "que
a Noite leva", o movimento da lua no céu à medida que a noite avança.
"Os feridos com
grita o Céu feriam,
Fazendo de seu sangue
bruto lago,
Onde outros meios
mortos se afogavam,
Quando do ferro as
vidas escapavam."
(Os
Lusíadas por Luís Vaz de Camões. Canto Terceiro).
Em Camões, ele trás em um trecho:
“Quando do ferro as vidas escapavam”, inclui todos os tipos de ferramentas que
são usadas para matar (Lança espada, faca, etc.).
Outros exemplos nos são dados no
dia a dia: (a) “Você é uma princesa”, mas não em seu sentido aristocrático, e
sim a IMPORTÂNCIA. (b) “Os seus olhos são como estrelas”, há um cruzamento,
logo, é uma METÁFORA. (c) “Isso que é atacante” inclui alguém em específico
(Neymar), logo, é uma METONÍMIA.
Temática ou Figurativa são modos
de combinações das figuras (que fazem parte das frases). Um texto temático
apresenta uma dissertação, onde pode aparecer uma imagem genérica ou não. É um
texto que não tem a pretensão de convencer o leitor. O texto figurativo analisa
as condições humanas e acontecimentos, utiliza-se de termos concretos e sempre
apresenta um tema. A organização interfere na semântica da obra.
Existem algumas maneiras de
organização, pois, isso interfere diretamente na semântica do texto. A primeira
é a Antítese, apresenta contrastes diferentes, dois temas em um texto. Palavras
que se opõem na frase, dando a ela maior expressividade na transmissão da
mensagem. Ex.: "Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a
paz" (temos guerra e paz). O segundo é o Oximoro, onde há
contrastes iguais. Ex.: "É um contentamento descontente"
(contentamento e descontente). Terceiro, a Prosopopeia, são qualificações ou
funções. Ator semântico que coloca outro aspecto que não está presente. Ex.:
“Os vales puderam ouvir", atribui sentido de ouvir, que é a
personificação, traço humano em algo não humano.
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