sexta-feira, 22 de maio de 2020

Análise da Conversação


Texto base: Angela. P.Dionisio- Análise de conversação (DIONÍSIO, Ângela Paiva. 2001)[1].
O principal objetivo do texto estudado são os turnos discursivos, onde há dois falantes, representados por “A” e “B”; quando o elemento “A” reverbera a sua ideia e conclui, o elemento “B” entende que é para ele continuar, podendo ser uma resposta, algum comentário ou observação. Nessa conversação há revezamento, onde um conclui e o outro retoma, assim sucessivamente. Essa retomada é denominada assalto, onde o outro toma o discurso. Ele pode ser com deixa (quando o falante abre espaço para o outro) ou sem deixa (quando o falante está no meio do discurso e é interrompido).
A organização das sequências de turno é feita através de perguntas fechadas. Uma pergunta aberta é quando há mais de uma resposta ou exige criatividade para formular uma resposta a partir das suas próprias ideias. A pergunta fechada é quando ela é respondida apenas com “sim” ou “não”.
            A oralidade é um conjunto que não pode ser transcrito no texto, porém, ao falarmos, levamos alguns marcadores conversacionais para conseguirmos passar a mensagem da forma desejada e sem ruídos; também serve para demonstrar quando o falante conclui a sua ideia e que esta na vez do ouvinte assumir a posição de fala. Todas essas marcas, por exemplo, “não, entendeu?” – ‘certo?’- ‘exato!’ –‘unhum’, etc. podem ser usados no começo, meio e fim da conversa; são organizadores das sequências de turno.
Os marcadores conversacionais podem ser divididos em linguístico (verbais, prosódico) e paralinguístico; são estratégias de discurso     que mostram para o ouvinte a intenção do falante, por exemplo, continuar a fala ou não, pergunta retórica ou não. A partir disso, temos quatro tipos de marcadores: O simples (mas, eh, olha, exato, é, então, etc.), composto (sim, bom, aí, e então, tudo bem, mas, etc.) oracional, que é um marcador que está na própria frase, quando o falante quer que o outro entenda e continue, por exemplo: “acho que vai chover você não acha?”. Este “você não acha?” é um marcador oracional, o falante quer que o outro fale alguma coisa, não necessariamente sobre o tempo, então ele coloca uma marca em seu discurso. Por fim, temos o prosódico que é a “melodia” e não há marcas na frase em si, mas, na entonação em que a frase é dita; um bom exemplo para notarmos essa marca, é quando fazemos uma pergunta, uma vez que não utilizamos a entonação correta, ela pode se tornar uma afirmação, não passando a mensagem desejada ao ouvinte.
O marcador paralinguístico não está presente na frase e nem na tonalidade, mas em seus gestos corporais estabelecendo relações entre ouvinte e o leitor. A construção da compreensão é feita através de estratégias: negociação, que é um aspecto essencial para a produção do sentido numa conversação, mas, Marcushi[2] nos atenta para o fato de que nem tudo é negociável, por exemplo, não negociamos convicções e crenças. Depois da negociação, se estabelece um foco comum, onde há sucesso na troca de informações, partilhando de interesses em comum (antes existentes ou construídos na interação). Não há sucesso entre duas pessoas que divergem o assunto.
A Demonstração de (des) interesse e (não) partilhamento ocorrem quando não há sintonia cognitiva entre os interlocutores, os mesmos discorrem em campos diversos. O interesse está na vontade de ouvir o que o outro tem a dizer, que é notado através dos marcadores conversacionais citados anteriormente. O mesmo ocorre com o desinteresse, porém, com aspectos de desdenha, não olhar nos olhos, entre outros.
Há também a existência e diversidade de expectativa; quem fala sempre cria uma expectativa prévia sobre o que o outro irá dizer, e quando o esperado não acontece o falante passa a procurar estratégias para ter sucesso na conversa, por isso é importante ficar atento às reações.
Por ultimo, temos as marcas de atenção, que é perceptível em um diálogo, se há sincronia, existe também uma atenção maior na fala do outro, mas, quando não há, terá problemas na interação.



[1] DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da Conversação. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 2. São Paulo: Cortez, 2001. p. 69-99.
[2] Marcuschi, L. A. 1998. Atividades de compreensão na interação verbal. In D. Preti (Org.), Estudos de língua falada: variações e confrontos, São Paulo, FFLCH/USP, 1998b, p.15.

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