sexta-feira, 22 de maio de 2020

Dispositivos Teórico-Analíticos


Texto base: 3º capítulo do artigo “Análise do Discurso: Fundamentos & Práticas”, dos autores Ana Maria Gama Florêncio, Belmira Magalhães, Helson Flávio da Silva Sobrinho e Maria do Socorro Aguiar de Oliveira Cavalcante[1].
Retomamos as questões de ideologia, referenciando a primeira aula, e partimos para o texto, a sociedade não é homogênea, ela se divide em partes, seus integrantes, portadores de necessidades, trabalho e linguagens diferentes, não partilham de mesmo pensamento ou agem de mesma forma socialmente, então se dividem em grupos sociais distintos de pessoas que se assemelhem a eles, e ainda dentro desses grupos existem diferenças. Ainda visualizando os grupos sociais, percebe-se que existe uma hierarquia vertical entre eles, alguns, próximos a base grupos, unindo-se a outros para que possam fazer frente a grupos privilegiados. O homem deve ter o objetivo de alterar sua sociedade.  
O ser humano, por ser dotado de razão e lógica, tenta constantemente alterar seu ambiente, isso se dá através da linguagem, a busca de sentido pelo próprio discurso, que, como citado anteriormente, carregada em sua forma os acontecimentos da língua.
O discurso falado transmite a ideia de um ser ao outro, que analisa o que foi dito e pode incrementá-lo, desmembrá-lo a fim de utiliza-se de seus argumentos para a sustentação se sua tese, ou desconsiderá-lo, produzindo mentalmente um discurso desfavorável ao seu. Isso molda os parâmetros sociais em que vivemos o discurso distorcido, pode justificar barbáries, um discurso equivocado, adotado por vários outros membros de uma sociedade, gera guerras e anos de retrocesso.



[1] FLORENCIO, Ana Maria Gama. et al. Análise do Discurso: fundamentos & práticas. Maceió: EDUFAL, 2009.

Processos de cognição


Texto base: “Produção e geração do CD Estratégias de Leitura Relatório de experiência integrada” (Pereira, Vera Wannmacher. Lima, Joelene de Oliveira, 2003)[1].
De acordo com os códigos linguísticos que nós já temos e ao entrar em confronto com outros, tentamos transforma-lo em algo familiar, abrindo “espaço” para receber mais informações; há vários estudos que diferenciam um aparelho cognitivo do outro, muita coisa influencia na leitura, a idade, conhecimento em mais de um idioma, etc.
Quando estudamos cognição estamos estudando os mecanismos de reconhecimento em relação à língua, observa-se a princípio, o processo cognitivo de leitura ascendente, que analisa a compreensão do texto a partir do que se encontra neste, ou seja, a maneira que o leitor observa o que há no texto e transforma em um sentido.
Os sentidos são parciais, nós não ouvimos todos os sons, por exemplo, apenas os pontos mais fortes através de correntes, o que conseguimos captar o cérebro decodifica (o artigo tem como objetivo perceber como as crianças reconhecem algumas unidades de sentido).
Outro processo cognitivo de leitura é o descendente, o qual observa oque o leitor traz de ferramentas para, assim, interpretar aquilo que há no texto.
As estratégias cognitivas de linguagem, ou ECL, é um processo intuitivo que decodifica o código do texto; há também as estratégias metacognitivas de linguagem, ou EMCL, as quais se caracterizam pela capacidade de interpretação do que foi apresentado por meio do monitoramento, levando assim ao entendimento do texto.
O segundo artigo a ser analisado é “aspectos do desenvolvimento e do processamento cognitivo da leitura: uma perspectiva psicolinguística”[2], que se trata de uma pesquisa psicolinguística feita na aprendizagem e da participação de alunos/ professor nesse processo, e o modelo de base da psicolinguística para a leitura.
Há três grandes modelos de leitura, a ascendente, descendente e interativa, porém, depende da sua linha de pesquisa; é evidente que precisamos ter um texto com as informações necessárias, leitor com a competência necessária e interação entre os dois.
A base dialética é o tipo de pensamento que não é linear (um pensamento não interage com o outro), precisamos de no mínimo três elementos (A interagindo com B, B interagindo com C, C e A, etc.).
No modelo ascendente há linearidade, contribuindo para a decodificação ou leitura automatizada, e restringindo processos de construção de sentido. No nível descendente, parte das ferramentas que o leitor tem para compreender o texto, por exemplo, uma criança aprende a ler juntando silabas, palavras, frases.




[1] PEREIRA, Vera Wannmacher; LIMA, Joelene de Oliveira de. Produção e geração do CD Estratégias de Leitura Relatório de experiência integrada PUCRS/FALE/CELIN e CM Champagnat. 3 setembro de 2003.
[2] SOUZA, Ana Cláudia de; RODRIGUES, Cássio. Aspectos do desenvolvimento e do processamento cognitivo da leitura: uma perspectiva psicolingüística. ReVEL. Vol. 6, n. 11, agosto de 2008. ISSN 16788931 [www.revel.inf.br].

Análise da Conversação


Texto base: Angela. P.Dionisio- Análise de conversação (DIONÍSIO, Ângela Paiva. 2001)[1].
O principal objetivo do texto estudado são os turnos discursivos, onde há dois falantes, representados por “A” e “B”; quando o elemento “A” reverbera a sua ideia e conclui, o elemento “B” entende que é para ele continuar, podendo ser uma resposta, algum comentário ou observação. Nessa conversação há revezamento, onde um conclui e o outro retoma, assim sucessivamente. Essa retomada é denominada assalto, onde o outro toma o discurso. Ele pode ser com deixa (quando o falante abre espaço para o outro) ou sem deixa (quando o falante está no meio do discurso e é interrompido).
A organização das sequências de turno é feita através de perguntas fechadas. Uma pergunta aberta é quando há mais de uma resposta ou exige criatividade para formular uma resposta a partir das suas próprias ideias. A pergunta fechada é quando ela é respondida apenas com “sim” ou “não”.
            A oralidade é um conjunto que não pode ser transcrito no texto, porém, ao falarmos, levamos alguns marcadores conversacionais para conseguirmos passar a mensagem da forma desejada e sem ruídos; também serve para demonstrar quando o falante conclui a sua ideia e que esta na vez do ouvinte assumir a posição de fala. Todas essas marcas, por exemplo, “não, entendeu?” – ‘certo?’- ‘exato!’ –‘unhum’, etc. podem ser usados no começo, meio e fim da conversa; são organizadores das sequências de turno.
Os marcadores conversacionais podem ser divididos em linguístico (verbais, prosódico) e paralinguístico; são estratégias de discurso     que mostram para o ouvinte a intenção do falante, por exemplo, continuar a fala ou não, pergunta retórica ou não. A partir disso, temos quatro tipos de marcadores: O simples (mas, eh, olha, exato, é, então, etc.), composto (sim, bom, aí, e então, tudo bem, mas, etc.) oracional, que é um marcador que está na própria frase, quando o falante quer que o outro entenda e continue, por exemplo: “acho que vai chover você não acha?”. Este “você não acha?” é um marcador oracional, o falante quer que o outro fale alguma coisa, não necessariamente sobre o tempo, então ele coloca uma marca em seu discurso. Por fim, temos o prosódico que é a “melodia” e não há marcas na frase em si, mas, na entonação em que a frase é dita; um bom exemplo para notarmos essa marca, é quando fazemos uma pergunta, uma vez que não utilizamos a entonação correta, ela pode se tornar uma afirmação, não passando a mensagem desejada ao ouvinte.
O marcador paralinguístico não está presente na frase e nem na tonalidade, mas em seus gestos corporais estabelecendo relações entre ouvinte e o leitor. A construção da compreensão é feita através de estratégias: negociação, que é um aspecto essencial para a produção do sentido numa conversação, mas, Marcushi[2] nos atenta para o fato de que nem tudo é negociável, por exemplo, não negociamos convicções e crenças. Depois da negociação, se estabelece um foco comum, onde há sucesso na troca de informações, partilhando de interesses em comum (antes existentes ou construídos na interação). Não há sucesso entre duas pessoas que divergem o assunto.
A Demonstração de (des) interesse e (não) partilhamento ocorrem quando não há sintonia cognitiva entre os interlocutores, os mesmos discorrem em campos diversos. O interesse está na vontade de ouvir o que o outro tem a dizer, que é notado através dos marcadores conversacionais citados anteriormente. O mesmo ocorre com o desinteresse, porém, com aspectos de desdenha, não olhar nos olhos, entre outros.
Há também a existência e diversidade de expectativa; quem fala sempre cria uma expectativa prévia sobre o que o outro irá dizer, e quando o esperado não acontece o falante passa a procurar estratégias para ter sucesso na conversa, por isso é importante ficar atento às reações.
Por ultimo, temos as marcas de atenção, que é perceptível em um diálogo, se há sincronia, existe também uma atenção maior na fala do outro, mas, quando não há, terá problemas na interação.



[1] DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da Conversação. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 2. São Paulo: Cortez, 2001. p. 69-99.
[2] Marcuschi, L. A. 1998. Atividades de compreensão na interação verbal. In D. Preti (Org.), Estudos de língua falada: variações e confrontos, São Paulo, FFLCH/USP, 1998b, p.15.

Elementos da análise do discurso


Texto base: "Elementos da análise do discurso" (FIORIN, José Luiz, 2006)[1]
O texto pode ser abordado de dois pontos de vista complementares. De um lado, podem-se analisar os mecanismos sintáxicos e semânticos responsáveis pela produção de sentido e de outro, pode-se compreender o discurso como objeto cultural, produzido a partir de certas condicionantes históricas em relação dialógica com os outros textos.
O poema "Meus oito anos", de Casemiro de Abreu e "Na rua do sabão" de Manuel Bandeira, tem em comum o tema "infância". A configuração discursiva desses dois poemas é a infância e o núcleo de sentido é o início da vida humana. O Casemiro trabalha no texto com o idealizado, enquanto Manuel traz as verdades essenciais da vida (é dinâmica, tem descobertas).
A isotopia (continuidade) precisa prevalecer no texto para permitir aos leitores uma interpretação uniforme. Na obra de Graciliano Ramos "Vidas secas", o escritor usa o termo “retirante” e depois a retoma como “vaqueiro”, há um contraste, mas está dentro da temática geral do texto. Quando se trata de um texto "aberto" admite mais de um sentido, ou seja, a polissemia, a partir dos indicadores.
Para garantir a coerência semântica é preciso que haja reiteração (repetição) da redundância, retomada de ideias; um exemplo é a fábula “A cigarra e a formiga”, a primeira dúvida é: se trata de animais ou homens? Homens. As palavras possuem traços humanos, e a repetição desses sentidos humanos faz com que nós cheguemos a essa conclusão.
Outros fatores existentes é a metáfora, a troca de uma palavra pela outra (cruzamento, intersecção), e a metonímia, uma palavra por outra (continuidade, inclusão). Elas são abordadas de duas formas: a primeira é retórica e a segunda na análise de discurso, que há uma quebra dessa relação. Veja o exemplo abaixo:

“Boião de leite
que a Noite leva
com mãos de treva
pra não sei quem beber.
e que, embora levado
muito devagarinho,
vai derramando pingos brancos
pelo caminho.”
(Cassiano Ricardo – Lua cheia. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1957, p.135).

“Boião de leite” representa a lua; “vai derramando pingos brancos”, os pingos são as estrelas; "que a Noite leva", o movimento da lua no céu à medida que a noite avança.

"Os feridos com grita o Céu feriam,
Fazendo de seu sangue bruto lago,
Onde outros meios mortos se afogavam,
Quando do ferro as vidas escapavam."
(Os Lusíadas por Luís Vaz de Camões. Canto Terceiro).

Em Camões, ele trás em um trecho: “Quando do ferro as vidas escapavam”, inclui todos os tipos de ferramentas que são usadas para matar (Lança espada, faca, etc.).
Outros exemplos nos são dados no dia a dia: (a) “Você é uma princesa”, mas não em seu sentido aristocrático, e sim a IMPORTÂNCIA. (b) “Os seus olhos são como estrelas”, há um cruzamento, logo, é uma METÁFORA. (c) “Isso que é atacante” inclui alguém em específico (Neymar), logo, é uma METONÍMIA.
Temática ou Figurativa são modos de combinações das figuras (que fazem parte das frases). Um texto temático apresenta uma dissertação, onde pode aparecer uma imagem genérica ou não. É um texto que não tem a pretensão de convencer o leitor. O texto figurativo analisa as condições humanas e acontecimentos, utiliza-se de termos concretos e sempre apresenta um tema. A organização interfere na semântica da obra.
Existem algumas maneiras de organização, pois, isso interfere diretamente na semântica do texto. A primeira é a Antítese, apresenta contrastes diferentes, dois temas em um texto. Palavras que se opõem na frase, dando a ela maior expressividade na transmissão da mensagem. Ex.: "Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz" ​​​​​​​(temos guerra e paz). O segundo é o Oximoro, onde há contrastes iguais. Ex.: "É um contentamento descontente" (contentamento e descontente). Terceiro, a Prosopopeia, são qualificações ou funções. Ator semântico que coloca outro aspecto que não está presente. Ex.: “Os vales puderam ouvir", atribui sentido de ouvir, que é a personificação, traço humano em algo não humano.



[1] FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. [S.l: s.n.], 2006.

Composição tipológica de textos como atividade de formulação textual

Texto base: "Composição tipológica de textos como atividade de formulação textual" (TRAVAGLIA, Luiz Carlos, 2002)[1]
            Tipologia textual é a forma de se organizar o texto, e o autor nos traz justamente as "ferramentas" para que os escritores possam aplica-las de forma que o leitor entenda o conteúdo de forma espessa.
Na formulação textual, a seleção advém de determinados tipos de texto, que por sua vez, determina procedimentos do escrito, tais como: a) seleção e organização de informações, inclusive sua distribuição por categoria ou partes da superestrutura (alguns funcionam mais e outros menos); b) a constituição da superestrutura do texto; c) a composição da sequência linguística.
Quando o texto combina as suas informações, se torna coerente. Na sua formulação o autor tem uma finalidade comunicativa, e espera que ao final da leitura o leitor receba a "mensagem" de forma eficaz; Além de organizar as ideias, é importante se atentar a ordem, visto que, afetará diretamente no objetivo do autor. As palavras e frases servirão de veículo para que o texto caminhe ao nível micro, e ao nível fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático.
Dentro da tipologia textual, existem os gêneros e os subtipos. Os elementos tipológicos sobredeterminam ou determinam, basicamente, os seguintes aspectos na formulação de um texto: a) a seleção de informações de uma dada natureza para constituir o texto; b) sua "superestrutura"; c) elementos composicionais de formulação da sequência linguística, advindo de correlação entre marcas e propriedades próprias do elemento tipológico.
O presente texto aborda a primeira "camada", proposta por Travaglia (2001), composta por quatro elementos tipológicos: descrição, narração, dissertação e condicionalide. Como um tipo pode apresentar subtipos e gêneros, também estes podem ter influência na natureza das informações escolhidas para formular o texto. 
Assim, se tivermos uma narração do subtipo "história", os episódios precisam ser ordenáveis no tempo do mundo real, caminhando em seu conjunto para um determinado fim ou episódio desfecho que encerra a série, todavia, se tivermos uma narração do subtipo "não história", os episódios não precisam ser encadeados no tempo em direção a um fim, mas devem ser vistos como constituindo um grande episódio. Isto é o que acontece, por exemplo, no gênero "ata" que é subtipo "não história" do tipo narração.
Em segundo lugar, quanto à constituição/formulação de uma estrutura esquemática ou "superestrutura", o que mais observa é que dentro de uma determinada cultura dominada o texto de dado tipo só funciona se for formulado de modo a reproduzir este esquema básico.
Alguns tipos de texto possuem outros aspectos a essa superestrutura, podendo integrar aspectos de tipologias diferentes, que não necessariamente são pertencentes a essa estrutura.
No caso da narração temos a orientação o anúncio, resumo, a complicação, a resolução, o resultado. A falta desses elementos geram problemas.
Não existem características exclusivas de um tipo de texto, os aspectos que são característicos em um, podem ser encontrados em outro, podendo identificar seu gênero dos vários aspectos.
A forma narrativa separa-se em duas formas: o mundo comentado e o mundo caracterizado por tempos verbais.
Para Travaglia, o uso dos tipos verbais, situações, formas e categorias trazem marcos linguístico.
Características dos quatro elementos tipológicos:
1. Textos descritivos: trás verbos dinâmicos, verbos de ligação, frases nominais, verbos ligados à visão, a descrição é dada pela relação tempo referencial e o da enunciação.
2. Textos dissertativos: muitos verbos gramaticais, ordenadores textuais, expressões, verbos dinâmicos, estáticos e gramaticais, verbos referenciam o ser pensante, aspecto imperfectivo, traz certeza, probabilidade e possibilidade, tem todos os tempos verbais, mas é predominantemente atemporal.
3.   Textos injuntivos: tem modalidades imperativas contem versos dinâmicos aparecem verbos ligados à execução de ações, não se atualiza o aspecto, só é possível em modalidade imperativas, tempo característico é o futuro.
4. Texto narrativo: marcadores sociais e auxiliadores aspectuais, verbos dinâmicos verbos enunciativos de contar e assistir, aspectos perfectivos, modalidades característicos: certeza e probabilidade, o tempo de perda da relação entre o tempo referencial e o das enunciações. 


[1] TRAVAGLIA, Luiz Carlos . Composição  tipológica de textos como atividade  de formulação textual (2002).  Revista do GELNE, Fortaleza, v. 4, n.  1/2, p. 32‐37, 2005. ISSN/ISBN:  15177874.

Coesão e Coerência Textual


Texto base: "Coesão e Coerência" (L.L.Fávero, 2003)[1]
Na coesão referencial, são usadas as pró-formas: pronominais (ele, ela), verbais (ser- verbo de estado, fazer- verbo de ação), numerais; e funções pró-sintagma (troca a palavra por palavra), pro-constituinte (troca de expressão por uma palavra) ou pró-oração (a palavra substitui uma oração inteira).
Há também algumas técnicas de retomada de referência, que pode ser feita através de reiteração (repetição), por sinônimos (palavras próximas), hiperônimos (expressões do maior para o menor), hipônimos (menor para o maior) e expressões nominais definidas, por exemplo, "Os Beatles" que ficaram conhecidos como os quatro cabeludos.
Coerência recorrencial é a repetição de termos, paralelismo (organização que se repete) e paráfrase (repetição da ideia). Os recursos fonológicos em geral se referem ao som, quando se repete alguma sonoridade e é mais comum na poesia. Recursos segmentais são as repetições morfológicas, e suprassegmentais, é aquilo que vai além da palavra. O ritmo é um recurso que ganha mais visibilidade na poesia.
Recorrência sequencial por ordenação e/ou expressão, é a maneira que escolhemos as informações e colocamos em ordem. Outra maneira de se organizar o texto é por meio de partículas temporais (manhã, cedo, tarde) e os tempos verbais (presente, passado, futuro).
Operadores do tipo lógico são expressões, normalmente formados por preposições, advérbio, etc. Fazendo com que as frases se relacionem. Operador de disjunção, por exemplo, preferir chá a café, é uma disjunção lógica (de escolha). Causalidade: causa e consequência. Condicionalidade: depende de uma condição. Mediação, trás a ideia de instrumento e/ou meio. Complementação: é uma junção que ocorre na frase.
A diferença do operador de tipo lógico para operador de discurso acontece uma vez que o primeiro irá agir sob as consequências reais da ação, e o segundo terá uma função interna ou de texto.
Operadores de discurso do tipo conjunção tem a função de juntar as ideias do texto. Disjunção é o que se repete, mas, não implica diretamente na oposição (como no tipo lógico). Contrajunção implica oposição (mas, porém, entretanto, todavia, etc.).



[1] FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Editora ética, 2003. 102 p.


Análise de discurso


Texto base: Eni P. Orland - Análise de Discurso - Capítulo 1, páginas 11-22 – lido em aula e trabalho com o professor. (ORLANDI, 2003)[1]
Entre as várias maneiras de estudar linguagem, podemos citar: a gramática e a própria língua (concentrando-se em seus signos), como as mais usuais, no entanto, devemos levar em consideração que os significados das palavras se alteram com o decorrer dos anos inclusive a própria palavra “gramática” e “língua”. Pensando nessas inúmeras maneiras de significar, os estudiosos passaram a se interessar pela linguagem de forma especifica e assim surge a “Análise do Discurso”.
O termo “discurso”, etimologicamente, surge de curso ou percurso e, embora a análise do discurso englobe a gramática e a língua, não trabalha ambas isoladamente, mas sim como parte de um todo, percebendo a linguagem de forma prática, analisando suas alterações de acordo com época, ambiente e contexto. Então podemos compreender a língua como parte do homem social e historicamente, conhecendo o que o torna especial, capaz de “significar e significar-se”.
O discurso situado em um determinado contexto carrega suas definições anteriores bem como as da época em que estão inseridas essas definições, devem ser levadas em consideração ao analisarmos o discurso, avaliando as intenções por trás das falas e seus nexos causais.
Com a Análise do discurso encontramos de onde vêm determinados princípios de argumentos, que foram moldando-se de acordo com eventos e necessidades de novas épocas e pessoas, e que trazem cargas de sentido para as atuais visões de mundo, e essas por sua vez serão mutadas para se encaixarem às ideologias das sociedades futuramente.
Para compreendermos a análise discurso precisamos olhá-lo abrangente e, ainda sim, especificamente, para podermos analisar a fala, citação, argumento ou ideologia de forma a considerar tudo o que os entremeia, afunilando seus conceitos até chegar aos teus objetivos atuais.
Autor estudado:
Ferdinand de Saussurre (1916) foi o fundador da linguística moderna, tomou o conceito do homem construído a partir dos estatutos da física e da biologia como fator de diferenciação entre Antropologia (física) e a Linguística.
O paradigma era um norte para os estudos na época, pois, carecia de objetividade e a língua era vista em seu aspecto geral, a norma (como a língua é usada no meio) e a fala (nível de uso e discurso).
A análise do discurso é a busca pelo sentido, e a linguagem é vista como mediação, pois, abriga um conjunto de possibilidades. 
A ideologia pode ser analisada na linguagem através de pesquisas, questionários, gravações, etc. Todo sujeito recebe uma "carga" ao longo de sua história (internalizada de discurso), por exemplo, quando alguém fala sobre discurso sem ideologia, ou não sabe o que é, ou não abre mão do seu. Isso se dá pela sua espessura e histórica semântica.
Entretanto, o sujeito da linguagem é descentralizado, comunica, mas leva coisas que não fazem parte do texto, e muito do que falamos serve para estabelecer relações e não sentido.


[1] ORLANDI, Eni p. Análise de discurso princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, [1999], 2005a.